Se “é só o amor que conhece o que é verdade“, então, por que será que as pessoas têm tanta dificuldade em dizer que amam umas as outras? Por que será que a dificuldade de dizer “eu te amo” parece se expandir a cada dia?
Amar, segundo o dicionário Aurelio, significa:
“Ter amor a; praticar o amor físico com; ter amor; estar enamorado; ter sentimento mútuo de amor; ternura; paixão; praticar (duas pessoas – ou mais) o ato sexual.”
Com essa definição do dicionário, fica claro que o amor não se resume ao sexo, e que sexo é apenas uma das inúmeras vertentes do amor. A verdade, porém, é que muitos ainda sentem dificuldades em dizer “eu te amo”, ou de demonstrar qualquer outra forma de amor, com medo de que tal ato possa ser associado ao sexo.
Para evitar essa associação e tornar o conceito de amor ainda mais claro, vou me utilizar da definição de amor do fantástico escritor James C. Hunter, em seu bestseller “O monge e o executivo“.
Segundo James C. Hunter, o amor é:
- Paciência;
- Bondade;
- Humildade;
- Respeito;
- Abnegação;
- Perdão;
- Honestidade;
- Compromisso;
Pois é, não é atoa que dizem que “é de amor que o mundo precisa“. Agora, imagine só um mundo em que as pessoas tenham todas essas características?
Que tal definir melhor essas características sobre o amor?
- Paciência:
Ou seja, as pessoas terem paciência uma com as outras, ao entenderem que “cada qual tem o seu tempo”; - Bondade:
Em suma, significa “fazer o bem sem olhar a quem”, ou sem olhar o que vai se ganhar em troca; - Humildade:
Significa, acima de tudo, deixar de lado a arrogância e o “pretenciosismo“. A exclusão do outro por se achar melhor, mais bonito, mais preparado, ou mais inteligente… Volto a dizer: cada qual tem o seu tempo! - Respeito:
As pessoas só vão começar a entender o que é respeito quando elas entenderem que cada qual é o que é, e basta! Em todos os sentidos! Assim também, aprender a olhar para as diferenças é o primeiro passo para se aprender a ter respeito. - Abnegação
O mundo precisa de amor, e essa característica é a prova dos nove, é o que, muitas das vezes, define o amor. Abnegação está relacionada com se esquecer um pouquinho para colocar a necessidade do outro à frente das suas. É claro que você precisa se colocar em primeiro lugar, por outro lado, deixar-se de lado em alguns momentos para tentar entender o que o outro precisa não só é um ato de amor, é também definitivamente a chave para qualquer relacionamento mais longo e profundo; - Perdão
Ok, a gente sabe o quão difícil é perdoar, contudo, o que precisamos perceber é que as pessoas mais marcantes do mundo são as pessoas que possuíam essa habilidade. Vamos pensar em Mahatma Gandhi, por exemplo, um dos personagens mais importantes do século passado. Sendo um advogado e ativista, foi espancado quando voltou para a Africa do Sul em 1897. Apesar disso, quando ele ganhou poder e teve a possibilidade de processar as pessoas que o espancaram, ele preferiu não fazê-lo. Gandhi foi um mestre da resistência não violenta, isso porque ele entendia profundamente o poder do perdão, e, ao mesmo tempo, o poder altamente destrutivo de não perdoar.
O homem não é bom, o homem não é mau, o homem é um aprendiz. Quando a gente internaliza isso, perdoar se torna menos dolorido. Até porque, no final das contas, citando até mesmo Jesus Cristo, adaptado livremente pela baiana Pitty, “quem não tem teto de vidro que atire a primeira pedra”. - Honestidade
Essa é a mais fácil, porém, também a mais complexa. Está intrinsicamente conectada com ser honesto consigo mesmo. Pensa só: quando alguém se coloca no lugar de sempre refletir de maneira sincera sobre qualquer atitude que tenha tomado ou que pretenda tomar. Se tal atitude é ou não condizente com o amor (esse amor com todos os vieses aqui citados). Certamente essa pessoa tomará a decisão de ser honesto, com os outros e, por fim, consigo mesmo. - Compromisso
Significa fazer o que se propõe! Porque quando a gente não cumpre o que a gente promete, nos tornamos insatisfeitos com a gente mesmo, com o nosso “eu”, o que gera desmotivação, ou seja, não ter motivos! Não ter motivos para ter paciência, ser bom, ser humilde, ter respeito, perdoar, querer ajudar os outros, ser honesto… Enfim, sem motivação você termina, por fim, sem motivos para amar! E aí, como diria Cazuza: “toda manhã parece um parto”.
Crie um compromisso com o amor.
Sem amor tudo fica cinza. O desamor, que é quando você vai contra uma dessas oito características mencionadas, é, acima de tudo, uma bola de neve. Pensa só: você pode estar focada(o) na sua dieta por duas semanas, mas se você quebrar essa dieta por um só dia, no dia seguinte você se sentirá ainda mais tentada(o) a não seguí-la de novo. O mesmo acontece com a traição, desrespeito, impaciência, corrupção, ou qualquer outro vetor do desamor. O pior de tudo é que quando nos deixamos levar, temos a tendência de normalizar o desamor. Como diria o ditado: “Once in hell, embrace the devel”.
A proposta então, é sair dessa bolha e vigiar constantemente as próprias atitudes, prometendo a si mesmo amar todo mundo, até porque, até que se prove o contrário, todo mundo merece ser amado. E, caso o contrário tenha se provado, todo mundo merece uma segunda chance.
Talvez você até não queria acolher uma pessoa, ou conviver com ela, mas você pode amá-la mesmo assim: ao perdoar, ser honesto, respeitar, e assim vai…
Quem já tem mais de trinta anos deve se lembrar de uma comunidade na antiga rede social Orkut que se chamava “Amigos também dizem eu te amo”. Eu não sei da onde surgiu ou qual foi o norteamento que deu origem a tal comunidade, porém, a minha proposta é a de expandir este conceito, o de amar!
Amar irrestritamente: a pessoa que passar do seu lado na rua, a pessoa que sentar do seu lado no metrô, um cliente, o seu chefe, a pessoa que estiver apertada com você em um show lotado… Amar a todos! Sem medo, sem preconceitos e sem machismo. A meta é criar um compromisso com o amor. Só o amor é capaz de nos permitir sobreviver.
No vídeo abaixo você encontra um desabafo sobre o amor que gravei em agosto de 2018. Esse manifesto que você acabou de ler foi escrito através dele.