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14 de julho, 2021 - Hugo Luminato

Oi família, sou TDAH!

Imagem com conteúdo texto: "desatenção, inquietude, impulsividade - se essas palavras te definem, você pode ter TDAH"

Recebi o diagnóstico de TDAH no dia internacional da conscientização do transtorno de déficit de atenção, e logo cheguei a conclusão de que essa era a minha oportunidade para sair logo do armário quanto ao meu transtorno. Depois de uma infância e adolescência no armário por causa da minha sexualidade, voltar pra lá por conta de uma condição psicológica não seria sequer uma opção! Ainda existia, porém, uma pergunta: como explicar para a minha família e amigos sobre o transtorno de maneira ideal?

Como todo TDAH, dizer algo numa sequência lógica, de forma sucinta e com os detalhes que importam, não é uma tarefa das mais fáceis. Decidi então, escrever sobre o que é o TDAH, como funciona o nosso cérebro, como eu me sinto ao ser um, e o que eu espero deles.

Se você também recebeu o diagnóstico de TDAH há pouco tempo e está na dúvida de como falar disso com as pessoas que importam para você, enviar este artigo pode ser uma boa introdução. Caso esteja procurando informações de como lidar com um TDAH ou, quem sabe, querendo entender se você é ou não TDAH, acredito que a leitura desse artigo também possa te ajudar. Então, vamos lá!

O que é TDAH?

TDAH é o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. Existem três tipos: os que são apenas desatentos (TDA), os mais hiperativos (mesmo que estes ainda conservem um pouco de desatenção), e há também os que possuem um combo: déficit de atenção, hiperatividade e impulsividade (TDAH), que é o meu caso.

Como o próprio nome já diz, TDAH é um transtorno, isso porque ele pode causar inúmeros transtornos durante a vida, entretanto, não enxergo essa condição como uma doença; é uma forma diferente do cérebro de funcionar. Um cérebro com mais pensamentos do que o normal.

E o que isso significa no dia-a-dia?

Ter um cérebro assim, possui até alguns aspectos positivos no cotidiano. Como temos mais pensamentos, logo, temos mais ideias, e, por consequência, mais criatividade. A parte negativa é que, sem um direcionamento, a gente afunda em todas essas ideias, e, às vezes, não consegue aproveitar nenhuma delas. É que, como elas são muitas, é difícil decidir qual é a melhor, ou em qual devemos direcionar a nossa atenção.

Muita gente fala que TDAHs têm problemas com aprendizado. Bom, não é bem assim, como o próprio nome já diz, temos problemas com a atenção; sofremos de uma instabilidade de atenção. De uma forma simples, é como se o nosso cérebro realizasse várias formulações de pensamentos curtos, ao invés de uma única formulação contínua. Normalmente, o dia-a-dia de um TDAH adulto, num trabalho desestimulante, é mais ou menos assim:

Ele chega com uma ideia fixa: “Tenho que enviar um e-mail para o meu chefe”. Enquanto liga o computador, percebe a bagunça na mesa e tenta organizá-la “preciso deixa essa mesa mais apresentável”. Quando o computador liga, ele começa a responder e-mails aleatórios. É só depois de várias horas que ele se lembra: “Caramba! O e-mail para o chefe!”. Ele abre a programa de email e pensa, “vou pegar um café pra me concentrar melhor”. Depois de um café e de bater papo com duas ou três pessoas na cozinha, ele volta e vê na tela do computador a confirmação de uma venda, “Que bacana! Vou ligar pra o cliente para agradecer pela confiança!”… A partir dai, é só na hora de ir embora que ele lembra de novo do e-mail. “Droga! Preciso enviar esse e-mail ou posso ser demitido”. Agora sim, com adrenalina, ele consegue enviar o e-mail.

TDAH e o tempo.

Você concorda comigo que quando a gente tem muita coisa na cabeça, parece que o tempo passa mais rápido? Assim como, quando estamos entediados o relógio parece não andar? Pois é, acontece que, no nosso caso, como temos sempre um monte de pensamentos na cabeça, o tempo para a gente quase sempre passa mais rápido, e, por conta disso, não temos uma noção muito boa do tempo.

Por serem muitos os pensamentos na nossa cabeça, é difícil organizar quais importam de verdade e quais não possuem muita importância, assim como no exemplo entre enviar o email para o chefe ou tomar um cafezinho. OK, não é que a gente não saiba, é que é difícil mesmo organizar esses pensamentos. Imagina só uma rodovia com, ao invés de duas, seis pistas! Você sabe que tem que se manter à direita, só que, diferente do que seria habitual, à direita também tem outros carros passando, e na direção oposta! Você concorda que seria difícil não prestar atenção nesses carros, já que, normalmente, não há carros que passam à direita? Pois é, é assim que nós nos sentimos o tempo todo.

Ao tentar controlar tudo isso com esse cenário caótico na cabeça, dá para perceber o nível de tensão em que vivemos, né? E, por mais que a gente tente controlar tudo e realizar tarefas num ritmo normal, você há de convir que não é seguro dirigir numa velocidade normal em uma estrada dessas com seis pistas. Nos resta, então, duas opções: ou dirigimos mais devagar e nos tornamos perfeccionistas, analisando e analisando de novo cada detalhe, ou tentamos dirigir num ritmo normal e, muito provavelmente, cometemos inúmeros erros.

Em ambas as hipóteses, precisamos de mais tempo: seja pelo perfeccionismo ou pelo retrabalho, ao ter que consertar erros.

Hiperfoco

Deixa eu te explicar como foi pra mim escrever esse artigo para o blog. Depois de procrastinar o dia inteiro, comecei finalmente a escrever este artigo às 23 horas e terminei às 6:30 da manhã do dia seguinte. Durante esse tempo, fiz apenas uma pausa de 5 minutos para comer uma vasilha de cereais com iogurte.

Lembra que eu falei que nosso cérebro realiza inúmeras formulações de pensamentos curtos? Acontece que, quando entramos em hiperfoco, todos esses pensamentos, mesmo curtos, são direcionados a um único objetivo. Modesta parte, duvido muito que a maioria das pessoas consiga escrever um artigo como este durante uma única madrugada. Nosso hiperfoco é como um superpoder!

O problema é que estar superfocada(o), é praticamente a única maneira de realmente realizar qualquer coisa que seja. Se estamos concentrados em algo, nada mais importa. Mandar um e-mail para o chefe, preparar o almoço, comer, ligar para um amigo, buscar uma criança na escola, todas essas tarefas super importantes acabam entrando em segundo plano, e é claro que isso acaba nos trazendo inúmeros problemas; desde problemas de relacionamentos até problemas de saúde.

O que acontece no cérebro de um TDAH

Talvez tudo o que eu tenha dito até agora não tenha te convencido, “essas situações podem acontecer com qualquer pessoa”, você diria. É por isso que agora vou entrar no tópico que me cabe, o da neurociência, para explicar a diferença de um cérebro TDAH e um cérebro considerado normal.

Uma pessoa com TDAH possui, principalmente, um déficit em dois neurotransmissores: a dopamina e a noradrenalina. Mesmo que a gente consuma alimentos com substâncias que façam o nosso cérebro produzir esses hormônios, nós temos um problema na codificação e recepção deles no nosso cérebro.

A associação Brasileira de déficit de atenção, faz uma associação do nosso cérebro com um computador:

"É mais ou menos assim: Imagine que o cérebro é um computador; o lobo frontal é a placa de processamento do computador e a noradrenalina e dopamina, são os fiozinhos que ligam essa placa. No cérebro do TDAH, a placa de processamento e esses dois fiozinhos aparecem danificados, não tendo o mesmo desempenho dos outros cérebros."
https://tdah.org.br/motivacao-e-tdah/ 

Vale lembrar que a dopamina é responsável por basicamente todos os processos de motivação do ser humano. Sem dopamina no córtex pré-frontal motivando a racionalidade, a pessoa com TDAH tende a ser motivada por pulsões, tais como a fome e a raiva. Tá explicada a nossa impulsividade?

Também nos motivamos com a liberação de adrenalina, como correr contra o tempo (por isso somos tão bons quando estamos atrasados); situações de perigo como “enviar um e-mail para não ser demitido”, conforme o meu exemplo anterior; ou qualquer outra coisa que nos estimule de verdade, desde aprender um projeto novo ou conquistar alguma coisa que queremos muito.

Para completar, a região frontal direita do nosso cérebro também é afetada. Essa é a área responsável pelo controle das funções executivas, que está ligada a memória de trabalho e nos permite ter melhor autocontrole e flexibilidade cognitiva. Essa flexibilidade é importante para decidir, por exemplo, entre dar atenção à sua prova ou ao seu coleguinha que está assobiando baixinho; ao professor, ou ao jardim da escola pela janela; ao seu chefe, ou ao cachorro que está latindo na rua. Por isso nossa distração.

Como eu me senti ao receber o diagnóstico de TDAH

Pode parecer estranho, mas me senti acolhido ao receber o diagnóstico de TDAH. É como se finalmente toda a confusão que existe na minha cabeça tivesse um nome. Sempre me senti mal por não conseguir reter detalhes, e extremamente tenso por tentar compensar tudo o que não funcionava bem na minha cabeça.

Ter o diagnóstico de TDAH me permite agora, mesmo aos 30 anos, buscar ferramentas específicas para o meu tipo de funcionamento cerebral, e, com sorte, alcançar a continuidade que eu sempre almejei durante a minha vida inteira, seja na vida acadêmica, profissional ou afetiva.

É um novo início, só que com um solo muito mais plano e firme.

O que eu espero dos outros quanto ao TDAH?

Quanto a mim, particularmente, não espero nada. Tenho a sorte de ter encontrado e incorporado, mesmo de maneira inconsciente, inúmeras ferramentas e técnicas para compensar o meu transtorno. Também tive a sorte de ter uma mãe, muito provavelmente TDAH, apoiadora e dedicada; o que faz toda a diferença no transtorno.

Como eu disse desde o início, não enxergo o TDAH como uma doença, ele é apenas uma forma de funcionamento diferente do cérebro. Entretanto, é importante destacar que o mundo não está moldado para uma condição psicológica diferente da considerada normal. Na prova do Enem, por exemplo, temos todos a mesma quantidade de tempo para responder as questões, tenha você uma condição psiquiátrica ou não.

O único que me preocupa é que, nas escolas, no trabalho, ou em seja lá qual grupo social for, as pessoas sofrem uma expectativa que às vezes não lhes cabe. A única diferença entre um TDAH e uma pessoa com o funcionamento cerebral “padrão”, é que um TDAH tenta se entender com o manual de uma pessoa com um cérebro que não é igual ao seu. Imagine você querer aprender o funcionamento do seu freezer lendo o manual da sua tv?

No livro “Mentes inquietas”, da psiquiatra e também TDAH Ana Beatriz Barbosa Silva diz:

"Quando penso em TDAH, logo me vem à mente a história do "Patinho Feio"(...). Criado como se fosse um pato e considerado diferente dos demais, ele foi rejeitado pela própria mãe. Seu andar desengonçado e sua aparência estranha provocavam risos e desprezo em todos os outros animais. Triste e sozinho no mundo, um dia ele viu sua imagem refletida num pequeno lago. Percebeu que não era um pato e tampouco feio. Descobriu-se um belo cisne e juntou-se aos seus pares para uma nova vida."

O que eu espero dos outros quanto ao TDAH, é que entendam que somos diferentes!

Diagnóstico de TDAH

Se você desconfia ter o transtorno de déficit de atenção, seja com o ou sem hiperatividade, antes mesmo da realização de um diagnóstico de TDAH com um profissional, normalmente realizado por uma equipe multidisciplinar formada por psicólogos, neurocientistas e psiquiatras, você pode desde agora realizar o teste de sintomas de TDAH, para identificar traços do transtorno.

Teste de pré-diagnóstico de TDAH

O Centro médico Pastore disponibiliza, de forma online e gratuita, um teste de pré-diagnóstico de TDAH. São nove perguntas relacionadas aos sintomas de distração e nove perguntas sobre os sintomas de hiperatividade, que combinadas ou não, podem te levar a um pré-diagnóstico de TDAH ou TDA.

Caso você tenha qualquer dúvida ou necessite qualquer tipo de apoio quanto ao tema, você pode deixar aqui mesmo um comentário, ou entrar em contato comigo pelo instagram @hugoluminato ou pela aba de contato deste site.

Se você estiver buscando o diagnóstico psicológico de TDAH, eu também te indico conhecer o instagram @tdahsemtranstorno da psicóloga Jennifer O. Domingos.

Clique abaixo em “teste de TDAH” para realizar o teste. Lembrando que em um diagnóstico formal são avaliados inúmeros outros fatores, e que tais só pode ser determinado por um profissional especialista na área.